Braga é uma cidade com muitos nomes, não é verdade? Já aqui apelidamos a nossa cidade, e onde atualmente está localizada a sede do Grupo Move, de Roma Portuguesa, Cidade dos Arcebispos ou até mesmo de Bracara Augusta. Hoje trazemos uma nova “alcunha” para Braga: a Capital de Barroco!
E muito se deve ao grande crescimento da cidade, a partir de meados do século XVI, por determinação do arcebispo D. Diogo de Sousa, altura em que foram construídas grandes praças e edifícios, civis e religiosos, e que sofreu forte influência de dois grandes arquitetos do barroco: André Soares e Carlos Amarante. Conheça a história!
Porque é que Braga é a Capital do Barroco?
Braga é uma cidade com muita história, e tradicionalmente ligada à religião. Grandes monumentos (religiosos e não só!) foram construídos na nossa cidade, sendo a zona do Bom Jesus e do Sameiro o caso mais notório na região.
Mas, a “Capital do Barroco” em Portugal, teve no século XVIII os quatro homens fundamentais para o impulso construtivo desta arte, nomeadamente na arquitetura e escultura, quer em pedra quer em talha dourada. Foram eles os arcebispos D. Rodrigo de Moura Teles (1704-1728), D. José de Bragança (1741-1756) e D. Gaspar de Bragança (1757-1789) que, como mecenas, idealizaram e financiaram várias obras arquitetónicas, urbanísticas e escultóricas. E o artista bracarense André Soares (1720-1769).
André Soares foi um predestinado para as artes, nomeadamente para a arquitetura e talha dourada. Este bracarense foi um autodidata artístico, já que fez toda a sua aprendizagem, nesta cidade, em contacto com tratados de arquitetura, gravuras e desenhos existentes nas principais livrarias conventuais do Minho e na biblioteca do Paço dos Arcebispos. Entre as suas obras destacam-se a Igreja de Santa Maria da Falperra (1753-1755), Casa da Câmara (1753), Palácio do Raio (1754) e Igreja dos Congregados (1761). Com estas obras a sua arquitetura ganhou o estatuto de “arquitetura de autor”.
E, claro está, não é possível escrever sobre o barroco em Braga sem fazer referência ao Santuário do Bom Jesus do Monte. Este modelo de santuários é de inspiração italiana, da região de Turim e insere-se dentro do objetivo propagandístico da Contrarreforma da Igreja Católica.
O mentor/mecenas deste santuário foi o Arcebispo D. Rodrigo de Moura Teles, que, em 1722, que decidiu empreender a reconstrução do pequeno santuário já existente no local. O conjunto inicia-se com um pórtico na base do monte, do qual parte uma alameda, subindo em ziguezague a ligar as várias ermidas com os passos da via-sacra, pontilhada de fontes com símbolos astrais.
Esta alameda desemboca no monumental escadório de grande efeito panorâmico, com lanços convergentes e divergentes, animados de jarras decorativas, estátuas e fontes simbólicas. Este conjunto terminava numa igreja de planta elipsoidal que foi demolido, mais tarde, para dar lugar à atual igreja, obra de outro artista bracarense que deixou marcas na arquitetura portuguesa, na 2ª metade do século XIX, o engenheiro Carlos Amarante.
Braga é então agora conhecida como a Capital do Barroco, devido à arte e às construções neste tipo que se foram espalhando pela região, dando um encanto especial à nossa cidade, que poderia contar histórias centenárias (e milenares) sobre o que aqui já se viveu!
Fonte: WeBraga